domingo, 18 de janeiro de 2015

ONDE ESTÃO OS PASTORES DE CRIANÇAS? (parte I)

ONDE ESTÃO OS PASTORES DE CRIANÇAS? (parte I)

O Pastor que procura a ovelha perdida


A Igreja não pode cometer o erro de apenas entreter as crianças, sem lhes apresentar, de maneira clara, o Evangelho da salvação em Cristo

“O que vemos hoje, em diversos círculos cristãos e igrejas, é uma falta de visão e de ação para se buscar as ovelhinhas perdidas do Senhor”

A figura que melhor representa aquele que trabalha com crianças é a de um pastor. Tios, tias, professores, professoras, palhaços, palhaças, monitores, voluntários e tantos outros semelhantes precisam sair de cena. Chega de pajear, de entreter ou de meramente “ensinar” crianças. Vamos pastoreá-las! O momento atual exige isso.

Podemos olhar o pastor de crianças em três posições bem distintas: 1) aquele que procura a ovelha perdida; 2) aquele que apascenta os cordeirinhos de Cristo; 3) aquele que livra e protege dos inimigos. Vamos considerar neste número a ação de buscar a ovelha perdida.

O Pastor que procura a ovelha perdida

“Cuidado para não desprezarem um só destes pequeninos! Pois eu lhes digo que os anjos deles nos céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste. O Filho do homem veio para salvar o que se havia perdido. O que acham vocês? Se alguém possui cem ovelhas, e uma delas se perde, não deixará as noventa e nove nos montes, indo procurar a que se perdeu? E se conseguir encontrá-la, garanto-lhes que ele ficará mais contente com aquela ovelha do que com as noventa e nove que não se perderam. Da mesma forma, o Pai de vocês, que está nos céus, não quer que nenhum destes pequeninos se perca.” (Mt 18.10-14)

Na história contada por Jesus a respeito do pastor que sai pelos montes procurando a ovelha perdida, encontramos algumas ações significativas:
• deixar – Ele suspende algo que vinha fazendo e se lança numa empreitada que vai exigir certa renúncia;
• ir – Ele se desloca movido por um impulso muito forte e totalmente focado no seu objetivo: encontrar o cordeiro que está perdido e assim, avança nessa direção;
• procurar – Ele se esforça por alcançar ou conseguir o seu objetivo;
• encontrar – Ele finalmente descobre, acha, dá de cara com a ovelha perdida;
• recolher – Ele dá o devido acolhimento;
• trazer – Ele conduz o cordeiro para o lugar seguro.

Da mesma maneira, buscar crianças perdidas exige:
• diligência – Cuidado ativo, presteza em fazer alguma coisa. Zelo. Esforço. Empenho. Empregar todos os meios para fazer algo;
• disposição – Desígnio, intenção, vontade, inclinação, prontidão;
• dedicação – Afeto extremo, devoção. Consagração. Sacrificar-se em favor de algo. É um ato de entrega.

Quantas crianças estão perdidas?

Só no Brasil são cerca de 60 milhões abaixo dos 15 anos de idade. Onde estão as crianças perdidas? Olhe bem ao seu redor...
A saída para se procurar crianças perdidas reveste-se de um significado muito mais profundo quando ouvimos o Senhor Jesus dizer que “o Pai de vocês, que está nos céus, não quer que nenhum destes pequeninos se perca” (Mt 18.14). Trata-se de um trabalho de acordo com a vontade de Deus! Que maravilha!
São tantas as oportunidades para se buscar as crianças: aulas em creches e nas escolas, escolas bíblicas de férias, ministério nos hospitais, clubes bíblicos em lares cristãos, etc. Que bênção extraordinária seria se, em cada igreja, pelo menos cinco a dez lares abrissem suas portas para realizarem Clubes Bíblicos para Crianças, com programação uma vez por semana para os pequenos! Seria uma verdadeira revolução!

A falta de visão e de ação para buscar as ovelhinhas perdidas

Jesus Cristo, certa ocasião, ficou indignado com os seus discípulos, porque queriam impedir que as crianças se aproximassem dele. O Senhor dirigiu-lhes a seguinte palavra: “Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas. Digo-lhes a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele.” (Mc 10.14-15).
Embora seja possível provar, sem sombra de dúvidas, que 85% dos atuais cristãos receberam a Cristo quando ainda eram crianças, antes dos 15 anos de idade (10% o fizeram entre 15 e 30 anos, 5% após os 30 anos), ainda existem muitas pessoas colocando tropeços e impedindo as crianças de virem a Cristo.

O problema, na verdade, é teológico.

Há uma teologia deficiente quando se trata das crianças. Não existem duas teologias, uma para adultos e outra para crianças. Há, isto sim, uma linguagem mais apropriada para o adulto e outra mais adequada para a criança, mas não se pode esconder da criança a verdade do Evangelho.
Lamentavelmente, não há visão e nem interesse em compartilhar o Evangelho com as crianças. A maioria dos trabalhos com os pequenos resume-se a contar “historinhas”, cantar “musiquinhas”, fazer “oraçõezinhas”, preparar “programinhas”, sem nenhuma preocupação em mostrar a realidade do pecado e como uma criança pode receber a Cristo como seu Salvador Pessoal. Esse quadro precisa mudar urgentemente!

Continua...

Gilberto Celeti é pastor, educador cristão e superintendente nacional da APEC do Brasil